quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O que é o homem?

Nas duas primeiras partes do blog, eu fui extremamente negativo. Daqui pra frente, começo com positividade. A negatividade do começo foi importante, pois, de certo modo, é mais fácil consegui-la. E, com grande negatividade, é fácil inverter a polaridade. Se é que vocês (e eu mesmo) me entendem...

Um dos diferenciais entre o homem e os demais animais, é que o homem tem a consciência de ser alguma coisa. De ter um corpo, de ter emoções e pensamentos, e conseguir observá-los.

Mas, consciência, é uma coisa bem abstrata...

Você certamente já se esqueceu, alguma vez, onde deixou sua chave, seu controle remoto... Onde estava sua consciência no momento que você colocou sua chave dentro da geladeira, ou em qualquer outro lugar não convencional?

Estar consciente é estar com plena e total atenção no que você faz, no como você faz. Sem a tagarelice mental que nos é tão comum...

Quando você conversa com sua mãe, você é uma pessoa. Quando conversa com seu pai, outra pessoa. Quando conversa com sua namorada, seus amigos, amantes, professores, chefes, subordinados, enfim... Quando você está sozinho, dirigindo, ouvindo música, pegando ônibus, comendo... Cada ocasião dessa, é um você diferente, um eu diferente. Nós temos muitos e muitos eus... E eles tagarelam na nossa cabeça o tempo todo, todos eles tentando chamar nossa atenção:

"Olha só o vestido daquela mulher, que coisa brega", "Será que eu fechei a porta de casa?", "Hm, eu preciso comprar um presente pra fulana", "Nossa, que delícia essa loirinha!!", "Será que eu fechei mesmo a porta de casa??"... Por aí vai.

Quando você se acostuma com isso, e age como se você fosse o conjunto desses eus... Se apega a eles, e os protege, os justifica... Eles começam a ganhar autonomia. Eles ficam com passagem livre na sua mente. Então você começa a conversar sozinho, a gesticular sozinho, a rir sozinho... Você xinga automaticamente um cara no trânsito, quando ele faz uma cagada... Você se vira pra trás pra olhar a bunda da garota que acabou de passar... Você começa a fazer tudo automaticamente.

Automaticamente. Coisas que funcionam automaticamente... Precisam de consciência?

Expanda o raciocínio, e você entenderá como o simples ciúme fica doentio, e como o ciúme doentio causa um homicídio passional. Inconsciência...

Como dito por algum filósofo qualquer tempo atrás, o exterior reflete o interior. Pessoas mais inconscientes, por vezes, costumam guardar todo tipo de coisa. Suas casas são uma zona, elas possuem todo tipo de entulhos em todo lugar. Se enraivecem facilmente quando procuram alguma coisa e não encontram... Oras, se enraivecem consigo mesmas, porque só elas são culpadas por todo o lixo entulhado mas, devido a inconsciência, descontam a raiva em qualquer pessoa que passe na sua frente... A raiva tem passagem livre - pois o inconsciente é maior que o consciente, muito mais habitado(onde você passa a maior parte do seu tempo) - e toma controle da pessoa sem que ela consiga fazer algo...


Desde os primórdios, você sabe do conflito entre bem e mau. É algo intrínseco no homem. Eu preciso me proteger, aquele é o inimigo. Deus e Diabo. Anjos e demônios. Super Homem e Lex Luthor... Eu, o outro.
A primeira concepção de uma criança, (salvo exceções) é sua mãe. É a primeira coisa que ela compreende, essa pessoa me alimenta, me dá carinho, me dá amor. Depois de um tempo, ela ganha um brinquedo. Depois de mais um tempo, outra criança tenta pegar o seu brinquedo: e aí entra o outro. Nesse momento você começa a precisar se proteger do outro... E proteger a si(aos eus!) é o que mais importa.

Estico toda essa briga bem X mal pro conflito consciente X inconsciente. Isso está dentro de todo ser humano, seu consciente e seu inconsciente. E é daí que surge a predisposição natural do bem x mal.

As pessoas não são más, elas só fazem as coisas inconscientemente. Elas agridem porque se sentem acuadas, e não percebem que aquele que é agredido... É igual a elas. Ninguém gosta de sofrer, mas poucos se importam em não fazer sofrer... O outro, o outro... Daí vem o ditado: "pimenta no olho dos outros é refresco"...

Depois de tudo que eu li, reli e estudei... Tenho a ousadia de afirmar que qualquer um de nós pode se tornar um novo Cristo. Jesus nada mais fez que erradicar todo seu inconsciente, Buda nada mais fez que erradicar todo seu inconsciente. Eles eram homens plenamente conscientes, "só" isso nos difere deles. Eles alcançaram graus tão elevados de consciência que sabem que não são o corpo, que não são os eus tolos que tudo querem para si... São algo muito maior que isso. Diz-se que Ananda, discípulo mais próximo de Buda, certa vez lhe disse "Buda, quando você dorme, seu rosto é tão sereno... Parece que você está acordado!" e Buda respondeu "Mesmo quando durmo, continuo acordado...". Ou algo assim, não me lembro bem as palavras, mas o que importa é o conteúdo.

Sim, assim como eles, você é muito mais do que pensa ser. Mas eu vou falar disso no próximo post.

Muitas são as técnicas para se trazer o inconsciente a tona. Meditação, estudo dos sonhos, auto-observação mental, física e emocional constante. E, quando se trás o inconsciente ao consciente... No começo, você fica extremamente chocado, chateado e infeliz... Mas logo percebe o quanto você não tem vivido. O quanto você não tem aproveitado o brilho das estrelas, o cheiro das flores e o sabor das frutas.

Dado esse contexto... Tente reentender "Jesus ressucitando os mortos". Leia a bíblia e você verá muitas parábolas que dizem "Os que tem ouvidos para ouvir, que ouçam". Vigiai, é um palavra muito usada na bíblia... Vigiai seu inconsciente.

Simplesmente existir é uma coisa tão mais interessante, tão mais encantandora que o futebol, que a novela, que a bunda da garota. Mas, onde está direcionada a atenção das pessoas? Onde tem sido direcionada a sua atenção?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Conclusão do Tópico: Liberdade

Não creio, no sentido filosófico do termo, na liberdade do homem. Todos agem não apenas sob um constrangimento exterior mas também de acordo com uma necessidade interior. - Albert Einstein

Nos últimos posts, mostrei inúmeras das amarras que nos prendem. Mas não falei em momento algum, a que elas nos prendem...

Nossas amarras nos prendem, basicamente, a nós mesmos e ao mundo; ao interior e ao exterior... Aos desejos de se satisfazer, se sentir bem de uma maneira ou de outra, e de satisfazer os outros.

Nós não nos damos conta da coisa mais básica de todas: a vida é uma contagem regressiva para a morte. A cada respiração, o oxigênio queima o seu corpo... Ainda bem que é assim: imagine-se vivendo eternamente do jeito que vive, precisando comer, ficando doente, sentindo dores, envelhecendo... Seria o maior tormento possível; porque viver é um tormento. Viver é pesaroso, viver é muito difícil... E nós tornamos tudo ainda pior... Com nossas sociedades, nossos modos de vida... Pagamos preços altos pelo conforto. Pagamos com saúde, pagamos o conforto com a vida.

Uma árvore, depois de adulta, precisa de muitas primaveras para florir naturalmente. Os desejos do homem interferiram nesse ciclo, adubam-lhe a terra com o que seja necessário, colocam lâmpadas pra simular o sol e acelerar o processo de crescimento... Jogam pesticidas pra eliminar as pragas que possam atacar a jovem e fraca planta... Mas, porque ela é fraca mesmo? Temos pressa, nossos desejos são cada vez mais insaciáveis. O açúcar acelerou nosso metabolismo, o café nos mantém mais produtivos, o bombardeamento de informações nos mantém sedentos de mais, os desejos de conforto nos mantém consumindo e desejando mais, desejando os robôs do futuro... Temos pressa, pesquisamos mais, pois a concorrência é feroz. E, vez ou outra repetimos, como se compreendêssemos: a pressa é inimiga da perfeição...

O homem, a mais bela obra da natureza (ou de Deus, se você ainda vê distinção em ambos), se tornou seu próprio inimigo... Se tornou o próprio diabo...

Veja: depois dos dinossauros, depois do cataclisma dos dinossauros... Eis que a Terra se recompõe, eis que a Terra permite que seus espécimes evoluam, até atingir o ponto máximo da evolução: você. Você é um organismo capaz de ter discernimento... Isso te faz tão especial: você compreende as coisas, você sente as coisas.

Irônicamente, não se consegue compreender nosso objetivo na Terra. Pouquíssimos homens compreendem o porque de estarem aqui...
(Hey, existe um objetivo!!!!! Eu adoro dizer como nós não o vemos, como fazemos coisas erradas e estúpidas... Mas existe um objetivo sim! Em breve ele entra em foco! O objetivo é evoluir, a natureza tem feito isso até aqui, nós simplesmente não devemos parar!)

Deus nos fez a Sua imagem e semelhança: um Ser capaz de ter consciência própria... De saber que está vivo; de ter o precioso discernimento...

O tempo todo, o homem busca compreender isso, compreender porque ele existe. É um sentimento de culpa disfarçado, (quase) todo cientista o tem: procura incessantemente as origens da vida, busca compreender o universo, pra provar pra si mesmo que tudo é tão aleatório quanto ele queira que seja; assim, ele pode se sentir livre. Assim, ele não precisa continuar com o plano do todo; pois não há todo, quem dirá plano... A importância da vida cai, então, para coisas quaisquer: entretenimento, conforto, saúde plena, estudos chatos...

No mundo físico, tudo pertence ao tempo. Por mais tempo que um pedaço de plástico dure, um dia ele será completamente desfeito... Disso nós podemos perceber quão passageiras são as coisas, quão infeliz é a idéia de posse... Ninguém possui nada, porque nada existe além de um período. Nosso corpo é um complexo pedaço de adubo, mas é adubo. Ainda assim, nós o vemos como a coisa mais importante de todas... O mais importante é o que o corpo abriga: o discernimento, a consciência... A consciência sim pode ser eterna, é a idéia de reencarnação. A consciência não é física, como pode estar fadada ao tempo? Se a natureza se preocupou em impedir que coisas básicas se reaproveitassem (fruta -> alimento -> fezes -> adubo -> fruta), desperdiçaria algo ainda mais importante, como a consciência?

Todas as amarras que nos impedem de atentar a esses fatos... Todas elas tem a mesma raíz: o desejo.

O direito, a legislação, vem do desejo de se ser igual, de se ser livre. A mente tenta reproduzir essa predisposição do Ser, mas a mente é falha. A mente se move a partir de desejos, de pensamentos, de previsões e de lembranças; basicamente, de passado e futuro. Todo homem vem pra existência com o propósito de ser livre, de ser igual a Deus - sua imagem e semelhança...

O entretenimento, as novelas, os jogos online, a tecnologia, vem do desejo de se ser feliz, de se ser confortável consigo mesmo... Do desejo de não desejar mais nada, apenas ser feliz... Todo homem aspira a felicidade eterna, pois esse é o propósito de se existir: alcançar a felicidade eterna, o reino de Deus...

O intelectualismo, essa busca pela ciência, essa vontade de entender tudo... É o desejo da onisciência...

A religião, essa busca por Deus... É o desejo de Ser, é a máxima, todos precisam buscar algo.
Sempre se busca uma coisa ou outra: ou Deus, ou a satisfação dos desejos. Todos buscam algo; mas a busca é preguiçosa... Prefere-se acreditar que Deus está em algum lugar (seja uma igreja, um templo, qualquer coisa) e que seus sacerdotes, pastores, lhe levarão até Ele, você não precisa se preocupar com nada.

Isso tudo ocorre, o tempo todo, debaixo de nossos narizes. Dentro de cada um de nós. As cidades grandes, os grandes conglomerados humanos, essa dependência do sistema, essa dependência dos desejos, essa dependência das impressões que causamos... Isso é tudo tão morto, isso é tudo tão automático, isso é tudo tão sonambúlico (se é que existe essa palavra). Odiamos automaticamente, reclamamos automaticamente, dirigimos automaticamente, trabalhamos automaticamente... Estamos mortos. Não há vida em nós... (e, só pra constar, é esse tipo de morto que Jesus traz de volta a vida!)

E isso tudo nos é ocultado. Porque, é muito mais fácil induzir as pessoas a acreditarem que o mau é um espírito que nos domina, que o mau é um ser vermelho de chifres e rabo de seta... De que o mal está longe, está no governo, está na guerra, está no inferno... O mal está dentro de nós, o tempo todo. Exclusivamente dentro de nós.

Os nossos desejos... Esses são o único diabo.

domingo, 25 de outubro de 2009

Bíblia e Religião

As amarras mais fortes contra a liberdade... Provém daquilo que supostamente te libertaria.

E se a Bíblia fosse uma biblioteca incompleta?
Veja bem, se Jesus teve 12 apóstolos... E Jesus foi o grande mártir da salvação... E seus discípulos sabiam disso... Porque raios menos da metade deles teria escrito / transmitido seus ensinamentos?

Em 1945, um conjunto de livros foi encontrado no egito, a biblioteca de Nag-Hammadi. Eles datavam, via carbono 14 de, no máximo, 167 d.C. Seriam livros rejeitados para a bíblia, por conterem "heresias"... Eles são mais numerosos que os livros da bíblia, 113 no total. O livro mais velho do novo testamento, o evangelho de Mateus, estima-se datar de 80 d.C.

Em 313 d.C., depois que o cristianismo tinha fincado raízes fortes, o imperador Constantino reconheceu-o como a religião do império. Assim nasce a igreja, agregada ao governo. Como agregada, como poderia a igreja permitir que seu livro máximo - a bíblia - contesse qualquer incoerência com o governo? Isso seria inconveniente para ambos os lados...

Daí se dá a seleção (e recusa) dos livros da bíblia, cuja datação em latim gira ao redor de 400 d.C. A igreja escolheu o que era heresia, o que era divinamente inspirado, o que merecia e o que não merecia estar na bíblia. De acordo com seus próprios critérios... Ou, de acordo com os critérios do governo...

Ou seja: todos os livros, os da bíblia e os de nag-hammadi, tem fundamentalmente a mesma origem, uma diferença de 80 anos...
Dizer qual livro foi divinamente inspirado... É ponto de vista. Assim, toda igreja que fundamente-se unicamente na bíblia... Está fadada a viver de meias verdades.

Não vou comentar o velho testamento, um deus que pergunta "onde você está?" obviamente não é onisciente... Sem contar as inúmeras passagens que mostram que ele é mal, pune. Prefiro a visão "boazinha" de deus que Jesus pintou... Faz mais sentido, supondo que ele existe mesmo e me deu a vida, a troco de nada.

Mas, voltando a igreja... Qual o sentido dela existir?!
Porque existe a crença de que se encontrará Deus orando na igreja, se deus é onipresente? A igreja é a casa de deus? Então, antes do homem construí-la, deus era um... sem teto!?

Haverá um povo escolhido? Qual será ele? Deus será mal e descartará todos aqueles que escolheram a religião errada!? O livre arbítrio é uma sacanagem de mal gosto então!?

Antes de ler o que se segue... Eu peço pra você deixar de lado todos os seus (pré-)conceitos, porque, como venho dizendo desde o princípio do blog, esses conceitos são... prisões pra você mesmo. Perceber o seguinte, em especial, abre bastante a cabeça:

Quem foi Jesus?

Um fodido, sempre aguentando os nossos pecados, o cara que veio pra morrer por nós, nos salvando... Sempre triste, sempre crucificado, sempre um mártir...
Um mágico, curando os outros, fazendo milagres, ressucitando os outros e a si...

Essas são as definições mais difundidas dessa pessoa. Mas, depois de estudar muitas coisas, muitos pontos de vista... Muitas religiões... Eu hoje sei que esse cara não foi nada disso.

Ele veio para se tornar um mestre, e um mestre vem pra ensinar. Ensinar o que?
Jesus disse: Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai. (João, 14:12)

Então... Nós podemos ser... Iguais a ele?

E, na mesma hora, curou muitos de enfermidades, e males, e espíritos maus, e deu vista a muitos cegos.
(...) Ide, e anunciai a João o que tendes visto e ouvido: que os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se o evangelho. (Lucas, 7:19-27)

Curou enfermidades... De que tipo? Espíritos maus... espíritos que vieram de onde? Cegos, surdos... O que exatamente eles não viam, não ouviam? Leprosos... o que exatamente a doença consumia neles?
Que tipo de mortos ressucitou?
Não pretendo entrar a fundo nisso agora, não é parte desse post. Mas, só pra dar uma idéia, suponha que você tenha lido o post sobre tecnologia, e percebido que passa muito mais tempo olhando pra televisão do que pra você mesmo... Você não... abriu os olhos? Não começou a enxergar?
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. (Mateus, 13:9)

Jesus não foi mártir, não foi nosso salvador, ninguém está salvo!! A igreja não o compreendeu, mas compreendeu o perigo. E temeu. E se aliou ao governo, pra controlar o povo, pra controlar você. Porque é isso que esse cara veio fazer: veio por fogo em tudo, veio destruir todas as bases. Porque todas elas são falsas. Todas elas são prisões. Umas mais coloridas, outras menos, mas todas são prisões.

Ele veio dizer o que fazer, não veio ser adorado, não veio ser temido. Não veio pra ter sua gratidão, não veio pra realizar seus pedidos. Ele não quer, não precisa da sua crença! Só aqueles que o usam precisam da sua crença, pois eles precisam controlar você...

Este é aquele de quem está escrito: Eis que envio o meu anjo diante da tua face, O qual preparará diante de ti o teu caminho. (Lucas, 7:29)

Jesus veio mostrar o caminho. As religiões... Vieram pra dificultá-lo. Porque, como argumentarei quando falar sobre o que é o homem... Ninguém quer seguir "o caminho". Seguir o caminho é perigoso...

Meus irmãos, não tenhais a fé (...) em acepção de pessoas. (Tiago, 2:1)

Ou seja... Não tenha fé na interpretação das pessoas. Na interpretação das igrejas! Tenha a sua própria interpretação. E duvide dela, pois ela provavelmente está errada!!! De certo modo, um dos fundamentos desse blog é isso, não restrito a bíblia ou religião ou qualquer outra coisa... Mas, a tudo. Não se deixe levar pelas prisões das outras pessoas, acredite, você tem prisões suficientes em você! E isso inclui o próprio blog!! Eu não sou dono da verdade, esse é o meu ponto de vista. Pense sobre ele, se quiser, mas não o aceite...
Não acho a fonte agora, mas sei que o próprio Buda disse aos seus discípulos: vocês devem duvidar até do que eu digo... Devem experienciar os ensinamentos, comprovar por si, não acreditar e concordar com eles.

Pra fechar o post... Uma frase do Morpheus:
Nós nunca libertamos uma mente após ela atingir certa idade. É perigoso. A mente tem problemas em esquecer.

Já percebeu isso em você?
Pois eu vejo isso em mim o tempo todo, e me dispus a seguir o caminho...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Tecnologia

A tecnologia busca, com uma insaciável sede, nosso conforto e diversão. Mais e mais conforto, mais e mais diversão. Porque essa busca, porque o conforto nunca é o bastante, porque a diversão finda?
Basicamente, porque todo homem precisa encontrar alguma coisa. Todo homem nasceu pra buscar, só as buscas diferem... E todo homem tem intrínsica essa sede, essa vontade de buscar algo... Mas, infelizmente, a sociedade cega o caminho, a sociedade mostra caminhos diferentes, e ilusoriamente mais atraentes que o caminho real, o caminho que o homem nasceu pra buscar...

1860, telefone. A mágica de se conversar com uma pessoa sem que ela estivesse presente.

1895, o primeiro filme exibido num cinema, L'Arrivée d'un train en gare de La Ciotat. Tinha 50 segundos, e mostrava um trem chegando. Ele vinha meio que de encontro à câmera. 1895, imagine a tosquera da imagem. E veja o trecho, tirado do link acima:

Este "argumento" mínimo - quase um postal em movimento, teria criado pânico entre os espectadores que não estavam ainda preparados para a surpresa da ilusão cinematográfica. Durante a sua primeira exibição pública, os espectadores começaram a gritar e a fugir em direcção ao fundo da sala quando viram o comboio a vir na sua direção, como se o mesmo fosse saltar da tela.

1906, a primeira rádio transmissão aconteceu. Imagine a cena; você, no caso mais moderno possível, trabalhando numa indústria, manualmente... Antes até das linhas de produção fordistas... E bang, uma caixinha começa a falar e cantar...

1925, primeiras imagens em movimento num televisor. Pouco tempo depois, todo o proletariado sonharia em possuir uma caixinha dessas, onde era possível ver o mundo (ilusóriamente distorcido, até hoje) lá fora, sem sair do conforto de casa...

1955, surge a ARPAnet, uma rede de computadores para a comunicação dos sistemas de defesa americano. A ARPAnet evoluiu (não muito, diga-se de passagem) e se tornou a atual internet...

Um século, que revolucionou a vida humana... Pra pior.
Cinema, rádio, televisão... Todos são usados basicamente para o entretenimento, e fazem extremo sucesso, até hoje. Com excessão do rádio, as demais movimentam cifras animalescas... Duro de Matar 4 (peguei um exemplo aleatório, não foi o filme mais caro, nem o que mais rendeu) custou 70 milhões de dólares, e arrecadou 239 milhões de dólares pelo mundo. Um investimento desse na Etiópia, geraria que tipo de frutos?

Através da internet, inflou-se a capacidade de "aprendizado", inflou-se o intelectualismo, consequentemente a arrogância. Inflou-se também, notavelmente, a capacidade de evolução tecnológica do mundo...
Hoje, via internet, conversamos com qualquer pessoa, em qualquer parte do mundo, pesquisamos qualquer artigo sobre qualquer coisa... Trabalhamos em conjunto com outras pessoas em outros lugares, em tempo real... Mas, quem se beneficia ?

A internet é, ao meu ver, o auge da tecnologia de entretenimento. Com a minha visão de cientista da computação e ex-internauta sedento, sei que é possível passar semanas navegando, e nunca se cansar, porque sempre há algo novo pra se ver. A questão cooperativismo, que permite a cada usuário (de uma rede mundial!) enviar seus comentários, enviar seus vídeos, seus trabalhos, blogs, qualquer coisa... Isso dá ao usuário o sentimento de importância. Você faz um blog e sente que alguém, em algum lugar aleatório, poderá lê-lo. E é isso que faz da internet um sucesso crescente, além de facilitar a aproximação de pessoas, segurá-las pelo sentimento de importância... Essa é a fonte do sucesso.

Porque, no fundo no fundo, todo homem quer ser alguém, quer ser importante de alguma maneira. E a internet dá a falsa sensação de que isso acontece.

Participo de muitos grupos de e-mail e, em todos eles, existe alguém que quer dar sua opinião em todo assunto que surge. Quase todas as vezes de maneira arrogante...

Vejo, diariamente, pessoas perdendo seus dias em frente a um computador...

O auge da diversão virtual surge com os MMORPG (Massive multi-player online role-playing game, traduzindo, jogo online com a participação massiva de jogadores interpretando papéis). Veja, que exemplo interessante do mundo... Criamos um mundo virtual, um mundo que não existe, um mundo ilusório, onde nos conectamos pra interpretar papéis diferentes, pra sermos o que não somos...
Nós conseguimos passar pro mundo virtual o que fazemos na vida real... É o auge da era da ilusão, uma ilusão dentro de outra ilusão... Um único jogo, com 11 milhões de pessoas interagindo... É um outro mundo, nós fizemos o que Deus fez: criamos um mundo, criamos pessoas que interagem entre si, que interagem com o mundo... Existe um jogo chamado Second Life!! Second life, uma segunda vida... A vida criando vida, ilusoriamente... Guarde esse exemplo na sua cabeça, vou voltar a falar dele daqui uns posts...

Basicamente, é isso que a tecnologia faz. Ela prende você, de um modo que você esqueça de si mesmo... Você se esquece da única coisa que realmente importa, da única coisa que você realmente tem, da única coisa que ninguém poderá retirar de você... Você mesmo...

Porque a ilusão de um filme, de um programa de tv, de um mmorpg ou de um site de relacionamentos é tão atraente ao homem?
Penso que, basicamente, porque o homem não tem ciência disso tudo. O mundo ao seu redor faz a mesma coisa, é natural que ele faça sem se questionar, sem questionar o próximo. É um círculo vicioso. E, extremamente doentio... Observe as pessoas assistindo tv, as que mais prestam atenção, se assustam, riem, comentam e discutem as escolhas e ações de pessoas que não existem!! Enquanto os semelhantes dessa pessoa, a espécie dessa pessoa, aqueles que tem um DNA praticamente igual ao delas, passam fome, sofrem em guerras...

O telefone nos tirou o contato humano. A televisão e o cinema, nos tiraram o convívio social. A internet veio pra nos tirar o que restava de vida...

Porque, porque a tecnologia ganhou a frente em relação ao próprio homem?
Egoísmo. Essa é a resposta. Mas, fica prum próximo post.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Intelectualismo

Primeiro, cito um artigo que li por ai.
Os neurologistas (...) analisaram os resultados de 57 estudos sobre o consumo de café e suas consequências. Resultado: chegaram à conclusão que uma só xícara de café por dia pode (...) provocar sintomas de dependência, como dores de cabeça, cansaço, dificuldades de concentração (...) os cientistas citados exigem que a “síndrome da dependência do café” faça parte da lista das doenças neurológicas graves, que devem ser levadas muito a sério… Bem, se pensarmos que há bilhões de seres humanos que diariamente bebem café chegaremos depressa à conclusão de que este mundo está perdido!

É, o mundo está mesmo perdido. Não por causa do café, mas o café ilustra brilhantemente a situação.

O café possui cafeína, e a cafeína em excesso causa a dependência química. Mas, você consegue imaginar algo mais banal que o café? Está em todo lugar, em toda casa, em toda padaria. Eu conheço pessoas (e aposto que você também) que realmente dependem do café, que só acordam depois de tomar uma xícara dele. Já ouvi pessoas dizendo que tomam café durante toda a manhã no trabalho, mas só no trabalho. E sentem dores de cabeça no fim de semana. Abstinência, peculiaridade das drogas. Mas, qual mecanismo da sociedade permitiu que essa dependência se justificasse?

Bom, existem milhões de exemplos de como a sociedade foi aceitando produtos, principalmente alimentícios, que mais fazem mal do que bem. Além do proprio café, podemos citar o açúcar e refrigerantes. Ambos eram (e ainda são) drogas antes de se tornarem populares...

Mas o café tem um fundamento mais sutíl, apóia-se, muitas vezes, sobre uma base mais ampla... O intelectualismo.

O mundo te faz crêr que você precisa trabalhar pra ganhar dinheiro e satisfazer seus desejos. Mas antes, você precisa estudar bastante.
Ai entra o café.
O café tira o sono e, por esse motivo, populariza-se entre estudantes. Mesmo porque, estudar é um saco. Geralmente, quando você estuda, seja pra escola ou pra faculdade, mais da metade das coisas que você é obrigado a aprender, não lhe dão prazer algum. São nada menos que uma obrigação da instituição de ensino... Por isso são extremamente chatas, induzem a sonolência. Mas são necessárias! Você precisa se formar, trabalhar, realizar seus desejos, certo?

O intelectualismo é uma das maiores ilusões da atualidade. É intelectual aquele que muito sabe sobre determinados assuntos... O ser intelectual pode falar sobre inúmeras coisas mas, o que ele realmente sabe? Um ser intelectual é um saco de conhecimento, mas esse conhecimento não lhe pertence. Ele não aprendeu aquilo, ele retirou o conhecimento pronto de algum lugar - um livro, uma apostila, um professor - e aprendeu a empregar esse conhecimento nas coisas do mundo. O ser intelectual não passa de um computador: ele aprende as regras, recebe um problema, e dá uma resposta. Tudo movido a arrogância e café...

É engraçado... Toda pessoa estudada sabe o que é um átomo. Mas nunca viu nenhum! É esse o tipo de conhecimento que temos hoje... Uma decoreba.

Outra promoção da sociedade, esse intelectualismo. O bombardeamento diário de informações, muitas vezes completamente inúteis, faz com que o ser intelectual seja aquele que mais as absorve, melhor as organiza na sua cabeça. Informações superficiais, de fontes diversas, disconexas. O mais intelectual é aquele que pode falar do maior número delas, expor o maior número de pontos de vista (que ele ouviu ou leu. Ou bolou, a partir dos que ele ouviu e leu...).

Eu considero morar no Brasil uma dádiva, porque aqui é possivel observar todos os tipos de comportamentos doentios possíveis. (Evidentemente estou mirando só na parte ruim. Desde o começo do blog, aliás. Um dia, quem sabe, eu chego na parte boa :))
Existem grupos de pessoas que se fecham entre si, de tal maneira, que não permitem que pessoas diferentes deles se aproximem. Todos acabam ficando extremamente parecidos, pensando igual, e considerando os outros como diferentes. (isso se reflete não só nos pequenos grupos de pessoas... mas em todos os grupos de pessoas!)

Um exemplo disso são os japoneses. Não estou generalizando, posso estar enganado, não sou dono de nenhuma verdade, mas já vi diversos grupos de japoneses, aqui no Brasil, que só se entrosam entre si. Um pequeno grupo se forma, e se fecha. Os assuntos são sempre os mesmos, o último anime, o último mangá. Conheço japoneses mestiços que não conseguem se entrosar em grupos assim... Mas, porque? Seriam os mestiços tão diferentes? Duvido muito. O que acontece é que existe um certo nacionalismo intrínseco. Fala-se japonês na sua família, dentro de casa. Seus amigos só falam da cultura do seu povo. Você se fecha num mundo a parte - a sociedade japonesa, nesse caso. No Brasil!! Veja como isso é absurdo! Um dos países mais miscigenados do planeta. E você se fecha em um subgrupo ínfimo...

E, o pior. Dentro desse subgrupo, nada muda. A competição imbecil continua! Você é japones, você é naturalmente esforçado, voce é naturalmente superior aos demais. Você deve estudar muito, e ser mais intelectual que os seus colegas japoneses, seus semelhantes japoneses. Isso pra não citar seus rivais de outras nacionalidades, nem ouse ser inferior a um deles! Por isso a taxa de suicídio no Japão é a maior do mundo: alguns simplesmente não conseguem lidar com a idéia de errar, de ser inferior a outra pessoa, de trazer vergonha a família.

Assim como eu falei de drogas sem fazer apologia, eu cito esse exemplo sem racismo / julgamento / crítica. Mesmo porque o racismo é extremamente subjetivo... Se você não gosta de japoneses, vai achar que eu tenho razão. Se você gosta ou é japonês, vai achar que eu estou cometendo um crime... Mas, como disse, estou citando, sem me apegar a nenhum lado...

Voltando ao suicídio. O suicídio é a máxima de qualquer doença psicológica. E, por doença psicológica, eu quero dizer muita coisa. Nesse caso, o intelectualismo, o nacionalismo, a superioridade, a arrogância, o apego ao nome da família e as expectativas dela são tão extremas, tão extremas... Que uma falha significa que toda a sua vida perdeu o sentido. Uma única falha... Mas... Não é errando que aprendemos? Veja como a coisa fica sem sentido: você quer aprender tudo e, quando tem a chance de aprender algo... Você se mata. Se deus existe (e com letra minúscula, porquê deus não é uma pessoa (rebeldia contra o ensino fundamental!! _\m/)) e deus é vida... E a doença psicológica leva a morte... E a morte é o oposto da vida, de deus... Achei o diabo!!!! Mas eu vou falar mais sobre isso em posts futuros...


Mas, esse exemplo, foi só um exemplo. Se entre homens e chimpanzes, a diferenca de DNA é de 0,6%, imagine a diferença entre um japonês, um negro, um índio, um alemão? Nós somos todos absolutamente iguais, exceto por características físicas. E daí?!? A menos que você tenha um irmão gêmeo, você não é idêntico a mais ninguém mesmo! Que diferença faz se a cor da sua pele é diferente da cor da pele de outra pessoa? O racismo é tão estúpido quanto um grupo de pessoas com nariz grande debochar de pessoas que não tem nariz grande. E, mesmo dentro desse grupo, com certeza haverá o rei, aquele com a maior narina possível... Assim é o homem...

Enquanto estivermos presos a intelectualismo, crenças, consumismos, egoísmo, tradições, racismo, superioridade... Enfim, a qualquer ego... Não enxergaremos o óbvio. Não enxergaremos nosso papel no todo, não entenderemos o enigma que a existência* nos propõe. E, por mais que obtenhamos sucesso... Estaremos fracassando!

*Qual seu propósito? Porque você é um homem e não um cachorro, ou outro animal?