quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Conclusão do Tópico: Liberdade

Não creio, no sentido filosófico do termo, na liberdade do homem. Todos agem não apenas sob um constrangimento exterior mas também de acordo com uma necessidade interior. - Albert Einstein

Nos últimos posts, mostrei inúmeras das amarras que nos prendem. Mas não falei em momento algum, a que elas nos prendem...

Nossas amarras nos prendem, basicamente, a nós mesmos e ao mundo; ao interior e ao exterior... Aos desejos de se satisfazer, se sentir bem de uma maneira ou de outra, e de satisfazer os outros.

Nós não nos damos conta da coisa mais básica de todas: a vida é uma contagem regressiva para a morte. A cada respiração, o oxigênio queima o seu corpo... Ainda bem que é assim: imagine-se vivendo eternamente do jeito que vive, precisando comer, ficando doente, sentindo dores, envelhecendo... Seria o maior tormento possível; porque viver é um tormento. Viver é pesaroso, viver é muito difícil... E nós tornamos tudo ainda pior... Com nossas sociedades, nossos modos de vida... Pagamos preços altos pelo conforto. Pagamos com saúde, pagamos o conforto com a vida.

Uma árvore, depois de adulta, precisa de muitas primaveras para florir naturalmente. Os desejos do homem interferiram nesse ciclo, adubam-lhe a terra com o que seja necessário, colocam lâmpadas pra simular o sol e acelerar o processo de crescimento... Jogam pesticidas pra eliminar as pragas que possam atacar a jovem e fraca planta... Mas, porque ela é fraca mesmo? Temos pressa, nossos desejos são cada vez mais insaciáveis. O açúcar acelerou nosso metabolismo, o café nos mantém mais produtivos, o bombardeamento de informações nos mantém sedentos de mais, os desejos de conforto nos mantém consumindo e desejando mais, desejando os robôs do futuro... Temos pressa, pesquisamos mais, pois a concorrência é feroz. E, vez ou outra repetimos, como se compreendêssemos: a pressa é inimiga da perfeição...

O homem, a mais bela obra da natureza (ou de Deus, se você ainda vê distinção em ambos), se tornou seu próprio inimigo... Se tornou o próprio diabo...

Veja: depois dos dinossauros, depois do cataclisma dos dinossauros... Eis que a Terra se recompõe, eis que a Terra permite que seus espécimes evoluam, até atingir o ponto máximo da evolução: você. Você é um organismo capaz de ter discernimento... Isso te faz tão especial: você compreende as coisas, você sente as coisas.

Irônicamente, não se consegue compreender nosso objetivo na Terra. Pouquíssimos homens compreendem o porque de estarem aqui...
(Hey, existe um objetivo!!!!! Eu adoro dizer como nós não o vemos, como fazemos coisas erradas e estúpidas... Mas existe um objetivo sim! Em breve ele entra em foco! O objetivo é evoluir, a natureza tem feito isso até aqui, nós simplesmente não devemos parar!)

Deus nos fez a Sua imagem e semelhança: um Ser capaz de ter consciência própria... De saber que está vivo; de ter o precioso discernimento...

O tempo todo, o homem busca compreender isso, compreender porque ele existe. É um sentimento de culpa disfarçado, (quase) todo cientista o tem: procura incessantemente as origens da vida, busca compreender o universo, pra provar pra si mesmo que tudo é tão aleatório quanto ele queira que seja; assim, ele pode se sentir livre. Assim, ele não precisa continuar com o plano do todo; pois não há todo, quem dirá plano... A importância da vida cai, então, para coisas quaisquer: entretenimento, conforto, saúde plena, estudos chatos...

No mundo físico, tudo pertence ao tempo. Por mais tempo que um pedaço de plástico dure, um dia ele será completamente desfeito... Disso nós podemos perceber quão passageiras são as coisas, quão infeliz é a idéia de posse... Ninguém possui nada, porque nada existe além de um período. Nosso corpo é um complexo pedaço de adubo, mas é adubo. Ainda assim, nós o vemos como a coisa mais importante de todas... O mais importante é o que o corpo abriga: o discernimento, a consciência... A consciência sim pode ser eterna, é a idéia de reencarnação. A consciência não é física, como pode estar fadada ao tempo? Se a natureza se preocupou em impedir que coisas básicas se reaproveitassem (fruta -> alimento -> fezes -> adubo -> fruta), desperdiçaria algo ainda mais importante, como a consciência?

Todas as amarras que nos impedem de atentar a esses fatos... Todas elas tem a mesma raíz: o desejo.

O direito, a legislação, vem do desejo de se ser igual, de se ser livre. A mente tenta reproduzir essa predisposição do Ser, mas a mente é falha. A mente se move a partir de desejos, de pensamentos, de previsões e de lembranças; basicamente, de passado e futuro. Todo homem vem pra existência com o propósito de ser livre, de ser igual a Deus - sua imagem e semelhança...

O entretenimento, as novelas, os jogos online, a tecnologia, vem do desejo de se ser feliz, de se ser confortável consigo mesmo... Do desejo de não desejar mais nada, apenas ser feliz... Todo homem aspira a felicidade eterna, pois esse é o propósito de se existir: alcançar a felicidade eterna, o reino de Deus...

O intelectualismo, essa busca pela ciência, essa vontade de entender tudo... É o desejo da onisciência...

A religião, essa busca por Deus... É o desejo de Ser, é a máxima, todos precisam buscar algo.
Sempre se busca uma coisa ou outra: ou Deus, ou a satisfação dos desejos. Todos buscam algo; mas a busca é preguiçosa... Prefere-se acreditar que Deus está em algum lugar (seja uma igreja, um templo, qualquer coisa) e que seus sacerdotes, pastores, lhe levarão até Ele, você não precisa se preocupar com nada.

Isso tudo ocorre, o tempo todo, debaixo de nossos narizes. Dentro de cada um de nós. As cidades grandes, os grandes conglomerados humanos, essa dependência do sistema, essa dependência dos desejos, essa dependência das impressões que causamos... Isso é tudo tão morto, isso é tudo tão automático, isso é tudo tão sonambúlico (se é que existe essa palavra). Odiamos automaticamente, reclamamos automaticamente, dirigimos automaticamente, trabalhamos automaticamente... Estamos mortos. Não há vida em nós... (e, só pra constar, é esse tipo de morto que Jesus traz de volta a vida!)

E isso tudo nos é ocultado. Porque, é muito mais fácil induzir as pessoas a acreditarem que o mau é um espírito que nos domina, que o mau é um ser vermelho de chifres e rabo de seta... De que o mal está longe, está no governo, está na guerra, está no inferno... O mal está dentro de nós, o tempo todo. Exclusivamente dentro de nós.

Os nossos desejos... Esses são o único diabo.

3 comentários: