quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A Novela da Vida

Ahn, as novelas...
Desde criança, nunca gostei delas. Mas só hoje eu entendo porque!

Primeiro, alguns dados:
1 ponto de ibope, equivale a uns 47 mil espectadores (televisores).
3 anos atrás, o ibope das novelas da globo, rodava entre 50 pontos.
Hoje em dia, caiu pra 37, dando uns 13 pontos pras novelas da Record, que passam mais ou menos no mesmo horário, na grande São Paulo.

Ou seja, na hora da novelinha, 2.350.000 televisores estão ligados. 2,3 milhões. A população de SP é de uns 20 milhões de habitantes... Supondo que todas as pessoas morem sozinhas (ou seja, chutando baixo) 10% da população, 1 a cada 10 pessoas, está assistindo Record ou Globo, em São Paulo - a "cidade que nunca dorme", onde se tem o que fazer o tempo todo.

Mas porque a Globo perdeu tanta audiência?
Além do advento da internet, que vem engolindo cada vez mais telespectadores, a Record começou a investir em programas mais interessantes. Mas, como saber qual programa é mais interessante pro público?
Ahn, estudando. Sim, existem estudos filosófico-sociais[1] por trás de praticamente tudo que nós assistimos na TV. Estuda-se, através das alterações de ibope e das pesquisas de opinião nas ruas, os impactos que a novela vem fazendo na sociedade. Impactos! Palavra forte, mas, fundamentada. Afinal, se a novela mostra uma trama totalmente fora da sua realidade, algo absurdo... Porque você a assistiria? Por mais que existam coisas absurdas em muitas novelas, (por exemplo um monte de famílias brahmanes falando português, (hehe, brincadeira) por exemplo, vampiros, macacos pintores (eu não manjo muito de novelas pra dar exemplos legais)) existem histórias comuns e cotidianas em todas elas, pra fazer você se identificar, assistir, e dar dinheiro a eles. Os estudos adaptam a novela a algo atraente, e disso eu sei bem, porque, uma das maiores fãs de novela (minha mãe :)) vivia dizendo que A Favorita tinha sido fantástica, mas Caminho das Índias era bem chato. Acabou ficando legal, de alguma maneira... intrigante.

Resumindo, depois de tanta dispersão:
Estuda-se o povo, para entretê-lo. Entretem-se o povo com primasia. Os estudos ficam cada vez mais elaborados (ou seriam as pessoas que ficam cada vez mais simples?) e conseguem, brilhantemente, fazer uma história, corriqueira ou não, ficar interessante aos olhos do povo. A Favorita foi o máximo, Caminho das Índias foi o máximo, Viver a Vida com certeza vai ser tornar o máximo, assim que os estudos converterem-na em algo que as pessoas querem ver (melhor dizendo, que as pessoas precisem saber como irá se desenrolar). Pois é isso que eles fazem.
O que você vê na TV, não é o que você gostaria de ver. É manipulado. As novelas são muito mais interessantes(pro povo) que o Jornal, por exemplo. E, até o que se passa no jornal, é manipulado. Conheço jornalistas que sabem bem disso. O povo se habituou a aceitar o que vêem. E o que vêem, é uma teia de histórias absurdas, feitas exatamente tentando ser mais e mais atraentes.
É a mesma política de pão e circo do passado, mas agora, sem o pão.
E, sabe o que é mais irônico na história toda? O brasão de São Paulo tem a seguinte frase em latim: "Non ducor, duco". Que quer dizer exatamente "Não sou conduzido, conduzo".

O que seriam das pessoas sem as novelas? Eu me pergunto sempre, o quanto minha mãe não teria vivido, se não perdesse 1/4 de sua vida frente a televisão... O quanto o mundo não seria diferente sem esse entretenimento...? Primeiro o rádio, depois a televisão, agora a internet... Como era viver antes disso tudo? O que era realmente importante antes disso tudo?

Pra todos os lados, sua liberdade é um cercadinho. O governo, a indústria (nesse caso, de entretenimento), o convívio social... Tudo te limita, tudo te prende, tudo te restringe.
E se é "feliz" assim...

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